Foto: Renan Mattos (Diário)
A mobilização de lideranças de Santa Cruz do Sul, que vieram de ônibus e falaram em peso na audiência da RSC-287, poderá dificultar a inclusão da Faixa Nova de Camobi no projeto de concessão da rodovia. As autoridades do Vale do Rio Pardo acreditam que qualquer mudança no projeto poderá atrasar a licitação, pois demandariam novos estudos - conforme a coluna já havia adiantado em abril. Essas opiniões reforçam o posicionamento de autoridades do governo do Estado, que acham muito difícil incluir a Faixa Nova.
O secretário estadual extraordinário de Parcerias, Bruno Vanuzzi, foi categórico ao afirmar, ao Diário, que por ser um longo trecho urbano, fica difícil prever como a Faixa Nova vai estar daqui a 30 anos, até porque envolve o crescimento dos bairros no entorno, com necessidades de obras urbanas, como água, esgoto e redes de internet. Segundo ele, isso tudo gera um cenário de incertezas para a concessionária que assumir os pedágios. Além disso, a duplicação pode gerar um crescimento maior da cidade na região e aumentar os gastos com manutenção futura da rodovia, o que dificulta as projeções de gastos para as concessionárias.
- Alguma solução será dada para a Faixa Nova. Há um compromisso de todos os secretários envolvidos - afirmou Vanuzzi, acrescentando que estudos para inclusão da Faixa Nova para duplicação e manutenção poderiam, sim, atrasar a licitação da concessão da RSC-287.
Em audiência pública, governo do Estado não garante duplicação da Faixa Nova de Camobi
Vanuzzi disse que o Estado entendeu a necessidade de duplicação do trecho, pois da cidade até a UFSM passam mais de 10 mil carros por dia, número que já comprova a necessidade de pistas duplicadas. Por isso, afirmou que, até sair a licitação da concessão, o Estado dará uma resposta definitiva sobre a Faixa Nova antes de sair a licitação da concessão, entre três opções:
- 1ª opção- A mais difícil é incluir a Faixa Nova na concessão para que a empresa duplique e administre a manutenção do trecho - me pareceu a opção menos provável, diante das justificativas dadas por ele acima.
- 2ª opção - Incluir só a duplicação da Faixa Nova como obra adicional na licitação de concessão da rodovia, mas com a empresa não assumindo depois sua manutenção _ essa opção tem uma chance um pouco maior, desde que não impacte tanto no custo da tarifa, mas para isso ocorrer, dependerá dos cálculos do governo sobre impacto no valor do pedágio e precisará continuar havendo grande pressão política sobre o governador Eduardo Leite.
- 3ª opção - A Faixa Nova ficar fora da concessão, e o Estado prometer tocar o projeto de duplicação com verbas da Cide, que é dinheiro que só pode ser destinado a estradas - a mesma fonte usada para duplicar a Faixa Velha. Isso é o mais provável que ocorra, mas seria um balde de água fria, já que não haveria garantia de quando a duplicação sairia do papel. Porém, Vanuzzi afirma que, por serem verbas carimbadas, que não podem ser aplicadas em outras áreas, a crise do Estado não influenciaria nisso, bastando o Daer calcular o custo da duplicação da Faixa Nova e verificar quando a obra poderia ser feita a partir dos recursos disponíveis.
Foram entregues ao governo do Estado três projetos de duplicação da Faixa Nova, um do Daer, um do Dnit e outro de uma empresa. Ou seja, há alternativas. Mas, pelo jeito, Santa Maria precisará seguir pressionando, e o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), pela proximidade com o governador Leite (PSDB), terá de continuar cobrando para que a Faixa Nova seja incluída na concessão ou para que Leite garanta que a duplicação será feita em seu governo.
PEDÁGIO DA 4ª COLÔNIA DEVE SER MANTIDO
A impressão que passou na audiência pública de ontem foi que o governo do Estado não está disposto a mudar o projeto de concessão da RSC-287. Outro pedido da região, que é a mudança da praça de pedágio entre Santa Maria e a Quarta Colônia, tem poucas chances de ocorrer. O diretor do Departamento de Concessões e PPPs do governo do Estado, Rafael Ramos, afirmou, durante sua fala inicial, que os locais das praças de pedágios foram escolhidos para serem instalados onde há maior fluxo de veículos que possam pagar.
- Adotamos a lógica de manter as praças atuais (Candelária e Venâncio), onde já há a cultura de pagar pedágios, e colocar outros pedágios onde possam captar o número máximo de veículos - disse ele, comentando que, quanto mais praças, menor fica a tarifa.
Ou seja, o pedágio será entre Santa Maria e a Quarta Colônia justamente por ter maior fluxo. Questionado sobre mudar o pedágio para depois do trevo do Santuário, para não haver cobrança de quem vai de Santa Maria à Quarta Colônia, o secretário adjunto de Transportes do Estado, Eduardo Krause, deu a entender que será difícil.
- Vai ter de ser feita análise para ver se esse custo (da queda de receita) poderá ser suportado - comentou ele, apesar de ainda não excluir totalmente a possibilidade de mudança.